Vinil Engenheiros do Hawaii - Dançando no Campo Minado (2003)
Lançado em 2003, Dançando no Campo Minado é um álbum de estúdio da banda de rock brasileira Engenheiros do Hawaii.
Com certas bandas, a história nunca termina. Há sempre algo a ser redescoberto, reavaliado e ouvido novamente com mente e coração abertos, no tempo certo. À época do lançamento, em 2003, “Dançando no Campo Minado” foi entendido como continuação coerente do vibrante “Surfando Karmas e DNA” (de 2002). Com onze faixas e enxutos 32 minutos, o décimo segundo álbum da carreira dos Engenheiros do Hawaii é um belo exercício de concisão e contundência.
Seu repertório tem pelo menos uma canção, “Outono em Porto Alegre”, a faixa de encerramento, que pode ser incluída na prateleira premium da produção de Humberto Gessinger. A ótima “Dom Quixote” e a radiofônica “Até o Fim” também se destacam, não por acaso seriam revisitadas no “Acústico MTV” de 2004. No seu todo, “Dançando no Campo Minado” é um disco de muita energia e de certa aproximação com a urgência do punk rock, favorecida pela formação com Paulinho Galvão na guitarra, Bernardo Fonseca ao contrabaixo e Gláucio Ayala na bateria, cabendo ao líder Humberto se ocupar de voz, guitarra, harmônica e teclados.
Ele ficou situado historicamente como uma espécie de despedida, como derradeiro trabalho de estúdio dos Engenheiros e último álbum só de músicas inéditas. Mas é uma obra pra cima, em que as letras afiadas com o traço autoral de Humberto encontram um match perfeito em um punch poucas vezes atingido pela banda. Logo na abertura, a poderosa “Camuflagem” chuta portas e bundas, serviço complementado por outros três “rockões” movidos à bons riffs e ritmo acelerado: “Duas Noites no Deserto”, “Rota de Colisão” e a faixa título.
Recuperando o que foi feito em “A Revolta dos Dândis” e “O Exército de Um Homem Só”, “Segunda Feira Blues”, parceria com Carlos Maltz, é apresentada em partes I e II. Na parte II, uma alegria para os velhos fãs, os vocais ficam a cargo de Maltz, baterista da formação clássica do grupo. A pessoal e intransferível “Na Veia” remete aos melhores momentos de Erasmo Carlos (“Se você está mesmo a fim/ de saber por onde eu ando/ De saber por que eu ando assim/ É melhor nem perguntar por mim/ Vem/ ver com os próprios olhos”). No encerramento, “Outono em Porto Alegre” oferece lenitivo rock e um final feliz: “O horóscopo do jornal arriscou um belo dia/ Liguei o rádio na hora certa/ Era a canção que eu queria (...) Sonhei com meu pai e ele sorria”.
Pedro Só
Vinil de cor Fumê Translucido Esfumaçado.
Repertório do LP:
Lado A:
1. Camuflagem
2. Duas Noites no Deserto
3. Rota de Colisão
4. Dançando no Campo Minado
5. Segunda-feira Blues I
Lado B:
6. Dom Quixote
7. Até o Fim
8. Na Veia
9. Fusão a Frio
10. Segunda-feira Blues II
11. Outono em Porto Alegre